domingo, 24 de junho de 2007

E o aborto?



Agora um outro tema polemicante. O aborto, ou a privação do nascimento.
A questão é complicada, pois envolve muitos valores culturais. O principal é a partir de que momento após o sexo realizado, as gosmas do gozo passam a ser seres vivos, seres humanos e não mais apenas gosmas. Religião, tradição, cultura, ciência e vizinha, tudo isso vai influenciar na opinião de cada um de nós. Mas e aí? Em que momento o aborto por causas nobres pode se tornar um assassinato com sentenças na cadeia? Temos que resolver isso.
Temos cerca 200 mil abortos no Brasil. Um fato que contraria a religião, a tradição, a cultura, a ciência, talvez a vizinha, a lei e que acaba caindo nos gastos público no fim das contas. Há despesas nos hospitais que cuidam das complicações provenientes dos abortos.
Talvez legalizando, o aborto seria mais eficaz e menos prejudicial. Tem rico que apóia, pois sabe que quem não faz o aborto é porque não tem grana pra pagar a dona Madalena, aquela que tem uns remedinhos pra tudo. E sem aborto, mais pobres nascem, mais marginais nas ruas, mais perigo nas esquinas. Um pensamento simples e ótimo, como todo pensamento autoritário. Se bem que tem rico que quer mais é que os pobres se multipliquem, assim aumentando a frota de servos.
Mas então, a ciência diz uma idade, a igreja diz outra, os intelectuais não dizem nada, só intelectuam, como fazer para solucionar? Ainda não sei, será eu um intelectual intelectuando? Quero mudar esse quadro, vamos tentar de outra forma.
Acho que se a pílula do dia seguinte é legalizada, e esta se encontra com facilidade em postos de saúde, não há motivos que justifiquem uma gravidez qualquer. Pois há camisinha, há pílulas e há outros métodos contraceptivos eficazes que impedem a mãe, de jogar para o futuro filho a responsabilidade. Até em casos como estupro. Só se justificaria caso a mulher estivesse enclausurada após o crime. Mas isso é um caso extremamente raro, pode acreditar. Sim é um crime absurdo, mas seria mais absurdo talvez, matar alguém que não tem a menor culpa disso.
A culpa as vezes é da preguiça da mãe ou do pai de não buscarem meios contraceptivos.
E em relação a problemas com a formação do feto, ainda só há certezas reais após o nascimento da criança, na ciência atual. Descredibilizando essa desculpa. Além do que, matar alguém que tem qualquer tipo de problema também é crime. Se isso fosse aprovado, pra mim é o mesmo de aprovarem uma lei que tornam o hospital e a clínica em matadouros de problemáticos.
Em caso da mãe correr risco de vida, é um risco de vida e não uma certeza de morte, como a opção do aborto. Mas se tiver apenas a opção de escolher um deles, a mãe ou a criança, aí sim, o sacrifício valeria a pena e não justificaria uma pena.
Pobreza também não é desculpa, mas sim culpa. Deveria prender não os pobres inculturados que matam seus fetos, mas sim os ricos que nada fazem para culturá-los, com medo de perderem as frágeis riquezas.
Em resumo, a preguiça é a única culpada.
Temos preguiça de usarmos métodos contraceptivos e engravidamos.
Temos preguiça de termos um filho e abortamos.
Temos preguiça de buscarmos a igualdade social e mantemos.
Temos preguiça de sermos culpados e acusamos.
Temos preguiça de mudarmos o mundo e dizemos que estamos maduros.
A solução mais ignorante do mundo é a solução rápida da morte.
Matar não da preguiça, quando o problema a ser morto é seu.

5 comentários:

Gabriela Martins disse...

Antes fosse apenas "preguiça"... seria um problema bem mais fácil de resolver.

Julia Pedreira disse...

Marcos, vc gosta mesmo de ver o couro comer solto. Assim que se faz blog!!! heheh

Sobre o aborto, é complexo. Já fui contra. Hoje sou a favor.

No mais, viva à pílula do dia seguinte!

Anônimo disse...

Oi Marcos, achei seu blog pelo blog da Júlia. Gostei do seu ponto de vista. No próximo fim de semana haverá uma caminhada contra o aborto que sairá da catedral metropolitana e chegará na Assembléia Legislativa (Vitória). Se não me engano, começará às 8 da manhã.
Mas enfim, sua argumentação é interessante, mesmo sendo a pílula do dia seguinte abortiva (a maioria dos médicos dirá que não, mas ela impede que um possível óvulo fertilizado se fixe às paredes uterinas e isso parece aborto ;)) e a achei legal.

Mike Figueiredo disse...

Eu acho que a questão que está correndo solta por aí não é o aborto. Aborto existe, sempre existiu e vai continuar a acontecer. A questão é: você acha que uma mulher deve ir pra cadeia por provocar aborto? Eu acho que não. Não queria que uma mulher abortasse um filho meu ou de quem quer que fosse, mas também acho que ela tem um certo direito de fazer o que quiser com o corpo dela. São decisões complexas.
Em relação a estupro: não é fácil pra uma mulher violentada ir a um posto de saúde pra pedir uma pílula do dia seguinte. Ela se considera culpada do que aconteceu; tem vergonha; não quer aparecer. E ela também não vai querer um filho do cara que a estuprou, não é?
Opiniões a parte, eu sou a FAVOR da DESCRMINALIZAÇÃO do aborto, mesmo achando que a mulher que deve decidir sobre isso antes de qualquer um, e prefirindo que métodos contraceptivos sejam usados.

Gabriela Martins disse...

Também sou a favor da descriminalização: cada um que siga a sua consciência, e se achar que vai ter que pagar os pecados mais tarde que decida-se por isso sem ninguém interferir.

O que costuma acontencer em caso de estupro: a mulher vai pra casa, traumatizada, pensa no assunto e uns 2 ou 3 dias depois é que resolve agir. Fora que a PDS também tem uma chance de falha, que aumenta conforme o uso.

E distribuição de contraceptivos no Brasil é uma merda, apesar da propaganda de "qualquer posto de saúde tem".