sexta-feira, 10 de julho de 2009

Coluna travada

Todo dia eu acho que envelheço pelo menos um mês.
Engordo 3 kilos na barriga, fico mais calvo 200 fios, perco a paciência 30 vezes.
A novidade é que a minha coluna deu agora pra travar.
Posso estar dormindo, trabalhando, sentado ou de pé, sem mais explicações, tudo trava.
Já até tomei injeção na bunda por isso!
Aos meus 24 anos isso pode ser calamitoso!
Dizem, também, que sou careta.
Quer coisa mais careta do que o próprio jargão de dizer que alguém é careta?
No início era o álcool.
Mas ele logo adentrou em minha vida.
Depois veio o cigarro, que hoje respeito, mas que ainda me faz espirrar e indagar: isso é bom?
A maconha é mais aceitável que o cigarro pelo simples fato de ter efeitos.
O cigarro parece não causar nada.
Nem calma e nem câncer.
Só fede.
Agora querem que eu engula a porra da cocaína?
Não sei se sou muito superior a todos que usam.
Se eles estão em um patamar mais elevado de entendimento.
Ou se é uma questão de liberdade, de diferenças, de contracultura.
Pra mim não passam de burgueses que passaram toda a infância e adolescência enchendo a pança de Coca-Cola no recreio da escola. Acostumando a consciência a ser leve, mesmo tendo atos pesados.
Pra mim não passam de intelectuais falidos.
Hoje em dia tem muita gente falida.
Parece que ninguém nunca é bom o bastante.
Como tem gente fraca!
Há sempre um padrão a atrapalhar.
Uma modinha a seguir.
Um amigo a colar.
Parece contraditório, mas não é.
Se o cara quer cheirar, cheire, mas faça umas três músicas boas ao menos.
Ou sei lá, trabalhe numa indústria e substitua uma máquina bem inútil.
É falido porque você é um merda!
É falido porque você finge ser o que diz ser!
É falido porque você nunca dará nada que prestes a essa droga de droga!
Mas que droga essa droga! Droga!
A minha droga é escrever essa merda de texto fudido.
Prefiro travar a coluna a travar os dentes. Seu porco estúpido!
Hipocrisia?
Prefiro.
Tradição?
Prefiro.
Engajamento social?
Prefiro.
Chatices a parte?
Prefiro.
Falta de atitude?
Prefiro ter a minha atitude guardada para as minhas decisões e não para as dos outros.
Ladainha?
A minha?
Vergonha?
Eu tenho de você. Nojo, repulsa, aversão, preconceito, pena.
Pena que sou um velho gordo careca de coluna travada.
Se eu fosse outra pessoa, dar-lhe-ia uma porrada, bem dada, na cara.
Seu bosta!
Seu pó!