quarta-feira, 18 de maio de 2011

Etílico

A tosse do dia seguinte é a sabatina de que fumei
Blusa babada
Notas perdidas
Santo Antônio que o diga
Como fui parar lá Deus do céu
Caso queira me compreender molde-se de mim
Em caso de dúvida está correto
Nunca tive certezas
Não até o domingo
Se vestires de mim assim como está se propondo
No meio da maior torcida do mundo
Estará camuflado
Apareço como um balão
Um som
Um tiro
Nem numa guerra fincarás estacas
Quase nunca eu vi alguém tão perto de mim
Não mais que novamente corro ininterruptamente
Corremos agora lado a lado
Paralelas que não se cruzam
Isso é balela
Paralelas se espelham
Se irritam
Remoem
Bebem
Vomitam
O tempo todo somos levados a pensar o tempo todo
A coerência dos fatos acaba na medida em que inicia um próximo
Vítimas de flechas
Somos todos vítimas de flechas
Arcanjos sem mira
A sede de água renova minha lembrança
A sede de ontem
Como posso agora enfim não usar mais pontuação
Rescindi com a burocracia
Isso explica Amor
Quem sou eu para pontuar alguma coisa
Decida
Decida você alguma coisa Jesus
A dor na cabeça ofusca meu desequilíbrio
Em mim perdido em mim
Torto como um torto
Como um pão de gergelim
Cuspo sangue de barata
Mato tudo ponho fogo
Só restaram as margaridas
Margaridas infinitas

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Já vai passar

Já vai passar
Já vai passar
Já vai passar

É clichê e artificial falar ou ouvir falar de amor e de dor. Até tê-los.

Na mesa do bar, fica tudo fácil.
Muito fácil me escutar, dar uma golada na porra da cerveja, dar uma tragada na desgraça do cigarro, olhar com uma cara de menino maduro e falar as mesmas bostas de sempre!

Dar conselhos não é um dom.
Dar conselhos não é um favor.
Dar conselhos é uma chatice.
Um blefe. Uma Hipocrisia.
Vai me dizer que tinha boas intenções?

Por que você não pega a porra desse cigarro e enfia no meio do cú?
De repente cura suas hemorróidas?
No dos outros é tudo passageiro.
É tudo teorizável.
Estamos todos nadando em plumas.
No cú dos outros, você goza.
Ou você pensa que tem alguém se divertindo nisso tudo?
Não estou num livro que você leu.
Nem na novela que você diz que não viu.
Mentirosa!
Não estou não.
Não estou.
O meu tremor não é de medo do que irá acontecer.
O meu medo é o do tremor nunca passar.
Nunca passar.
Nunca passar.
Nunca passar.
Nunca passar.
Nunca passar.

Portas

Portas são janelas compridas
Lugar de transação contínua
Eixo de ligação entre o ter e o subverter
Barreira articulada
Seleção natural humana
Ou, simplesmente,
Pedaço frágil das paredes
Ou, ainda,
Momento de despedida
Símbolo da discórdia
Marca da pausa
Recorte da floresta
Árvore cortada

Tampa dos segredos
Estrondo da ignorância
Prepotência dos que são donos
Razão da chave
Exclusão
Inclusão
Adeus
Olá