quinta-feira, 29 de março de 2012

Caranguejo do norte

O conselheiro me disse alguma coisa sobre mar
alguma coisa sobre lar
acho que alguma coisa sobre hoje

A sobremesa está sobre a mesa
E continuamos chupando as patas dos caranguejos
Caranguejos do norte

Já é frio, ta fazendo noite

Vou ficar em casa até que o conselheiro me diga alguma outra coisa
E espero mesmo que seja alguma coisa sobre amanha.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Os sonhos que tive

Tem gente que pensa que sonhamos por alguma razão
Não se tem razão, senão, passado
Assim como ontem, ou antes de ontem
Passado
Não se sabe do sonho até que venha o dia seguinte
Até que alguma coisa o acorde
O contrário é a morte
Sorte de ter o sonho como cotidiano em eternidade
Mas não morremos, o beijo ou o susto nos desperta
Nos levanta
Nos faz sentir saudades
Até alegria

Covardia é morrer de rir dos nossos sonhos que tive.

Despaginando um livro romântico

O barulho do vento entrando pela greta da porta da varanda me chamou, fui lá
Enquanto fumava, o ruído do queimar do papel do cigarro me fez apagar
Eis que a freada do ônibus, ao parar regularmente no ponto, me causou calafrio
Está frio demais para ficar aqui fora
Calado, mais que sem palavras, tento escrever num papel as minhas angústias

Nada tenho a dizer
Nada
Como nada tem a dizer aquela taça suja de resto de vinho tinto

Assim como penso no que perdi

São só sons do presente
São só melancolias da imaginação
É apenas falta do que fazer.

terça-feira, 6 de março de 2012

Enquanto eu queria fazer para ti uma vitamina de morango, tu chupas.
Ingrata comparação é dizer que só não queria sofrer sozinho.
Amor que é amor não se esquece apenas com uma transa de metáforas.
Meta essa sua lingua afiada em outro buraco.
Somos quem podíamos ser, sonhos que podíamos ter.
Inclusive agora, basta dizer: saudades.
Sou mais fácil que jogo amistoso.
Sou mais burro que personagem secundario de filmes de suspense.
Sou mais apaixonado do que devia.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Caço casa
Caso case
Meço mesa
Amasso massa
Ouço som, outro sol
Asso aço

Pego maço
Morro moço
Marco março
Faço de tudo um pouco
Laços que não desfaço

Argila, letras e quem

Nunca posso me encontrarei
Espelhos, d'água ou de vidro, todos tolos na insistencia de refletir, sobretudo o que me vejo
Hoje fui andar na noite
Procurava por me ver nas vitrines de luzes fluorescentes
Estava me encontrando com a fé de quem já nasceu rico
Um grito, já no fim da procura, já no fim da rua
É a chuva que amansa-me na leveza do não saber
São pianos, São Pedros no caminho do ser são
É Deus me livrando do que irá aconteceu
A maldade está nos nossos avós
Tolos que seguiram aos deles

Um buraco serve para cair
Mentro crenculhando lestas e paocas
Talvez explico o que fiz no futuro
Argila, letras e quem
Mas tive ali, não sei bem em que parte da esquina, a canção cataclismática
Encontros comigo lapidados por quem os planejou
E tem gente que diz que o aprendizado vende berço, vende escola, vende mãe
Sou virgem de tudo isso que nem pensaram por mim
Pensam demais por mentir
Vendaval é descobrir qual passo dei no momento seguinte a este
Hoje navegarei com esses ventos de ontem