quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fofoqueira, sai da janela!

Abrir a janela, olhar a vida alheia e difundir os fatos vistos.
Esta não é apenas a vida de senhoras gorduchas de cidadezinhas antigas.
Essa é a situação social do mundo virtual atual.
Observe os sites de relacionamento. No Orkut, por exemplo, há sempre uma maneira de acompanhar a vida de quem você deseja acompanhar. No mínimo descolar algumas informações solucionantes! Duvido que alguém, que esteja lendo isso aqui no blog, nunca tenha feito algo parecido. Já faz parte do nosso cotidiano. E não precisa ser antiga ou gorda, basta abrir as janelas, as fotos, os recados, os amigos, as comunidades, os vídeos, os links e depois dizer pro mundo todo com quem ele ou ela anda. Não se preocupe com a fama de fofoqueiro (a), existem mecanismos que facilitam a vida de quem quer ser anônimo, invisível, irreconhecível, fake. Nem a maior bisbilhoteira do milênio passado poderia sonhar com tamanho incentivo. É realmente atraente essa possibilidade. Tanto descobrir, quanto divulgar.
No fundo sempre seremos eternos dependentes do outro. Por mais que a sociedade pareça estar cada vez mais individualista, fria, distante e excludente, vejo que o interesse pelo outro ainda não mudou. Encaro até de forma inversa. Acho que a cada invenção inventada por um inventor, criamos mais uma maneira de nos grudar, nos vigiar. Mas isso não é tão pejorativo assim. Usamos pra confraternizar, nos unir, de forma real, churrasco, boate, futebol, cinema. Não preciso mais bater na porta do vizinho para chamá-lo para um café. Basta mandar um torpedo. Não preciso ir a Colatina pra encontrar o amigo de infância. É só procurar no Orkut, na comunidade da determinada escola. No mínimo encontrará uma foto dele num álbum de um algum semi-amigo. Alias encontrará vários outros amigos esquecidos. Poderá até marcar uma festa de reencontro.
Isso é solidão? Pra quem acredita em destino, pode até ficar confuso. Estaríamos alterando nosso futuro ou isso tudo já estava escrito?
Acho que isso ainda não é nada. O novo milênio acabou de começar.
O “nerd” de internet acabou de ganhar o primeiro salário. Alias o nerd é um exemplo de como as relações sociais estão em processo de alteração avançada. O que antes era tido como “jeito nerd de ser”, hoje é hábito geral. Todos vivem o dia todo no computador, por exemplo. E não é só trabalhando. O legal disso tudo não é nem a questão mais fútil da coisa, mas o porquê dos nerds deixarem de ter esse perfil. Primeiro porque todos também querem fazer o mesmo que eles já faziam. Segundo é o adolescente de hoje, que consegue descobrir com maior facilidade o grupo social que melhor lhe convém. O que antes o fazia ser estranho, agora o traz características, gostos, preferências e embasamentos. O gosto musical é um ótimo exemplo. Não é necessário assistir a MTV ou escutar Jovem Pam, Universitária, Litoral e esperar por uma vida até que a Elza Soares toque alguma vez. Eu posso entrar na comunidade dela no Orkut, trocar informações, links, conversar com pessoas que pensam o mesmo sobre ela e acrescentar no seu repertório de Elza.
Não é reduzir-se num grupo e nem excluir o resto do mundo. É ter opção.
Hoje eu posso até criar noticia e publicar, criar música e publicar, opiniões e publicar. Como esta. Comecei o texto com um foco e depois ele escapuliu de minhas mãos, mas e daí? Então, quem daria uma plataforma de divulgação de idéias a uma pessoa como eu nuns 10 anos atrás? Ninguém, né? Bom, já agradeço ao Blogspot pela oportunidade e peço a vocês que continuem a conversa. Basta comentar! Façamos a bagunça! Desculpe a concordância e não precisa concordar!

Laços e abraços

São tantos laços ao nosso redor
Que por não te ter fixo em meus braços
Passo a andar em passos falsos
Sem saber o que me aflige
Sem saber pra quem olhar
Quem perguntar
Telefonar
São tantos laços dando nó
Que nós não sabemos mais quais nós nós devemos desatar
Os laços são interessantes
Mas antes
O laço éramos nós
Eram nossos corpos
Nossa saliva
Nossa língua
Nossa fala
Nossos poemas
Nosso olhar
Mas não é porque não te tenho fixo em meus braços que posso dizer que não te tenho
Mas não é porque não te tenho fixo em meus braços que posso sair por aí chorando
Mas não é porque não te tenho fixo em meus braços que posso te culpar
Mas não é porque não te tenho fixo em meus braços que pode sair e não me ligar
Queria tanto que você fosse fixo em meus braços.