Vejo o Rio de Janeiro
Não choro
Vejo o morro, o cristo,
Sinto o cheiro
É a fumaça do seu maço
É março e não janeiro
São as águas do Rio
São as promessas de vida
que fecham o verão
Que mesclam cores
Amizades vividas
Amigos e amigas
Rimas e desavenças
A melhor viagem de todos os tempos
Ao menos para o poema
Não tem São Paulo, Paris, Argentina ou Curitiba
Prefiro o Rio e suas mentiras
Suas maravilhas
Suas fantasias
Suas ruas e seus desfiles
Um carnaval de jargões
Um bacanal de ilusões
Um aqueduto de cartões postais
Um enxoval de samba
Lá eu andei a pé, de carro, de metrô, de bondinho, de buzu, menos de trem.
E olha que nem me cansei
O meu segredo é que sou um rapaz esforçado
Ligado e impressionado
Mas isso passa
Tudo passa
Tudo passará
Tudo passarinho
Tudo choro, tudo rio
Tudo cego, tudo vejo
Emudeço
Cresço, mas não mudo
Quero mais do mundo
Quero mais o Rio de Janeiro
O meu e o alheio.