sábado, 29 de dezembro de 2007

Abrigo

A tristeza vem
sentado no banco
do ônibus a tarde
e a noite no trem

coisas de moleque é correr pelas ruas descalço
pulando bem alto, apertando a campainha
fugindo da tia, fingindo a mania, chorando escondido
no edredom da vizinha

Eu só queria um pouco de carinho
mas sem motivos, não vi o caminho
tropecei no meio fio
caí na calçada da avenida

agora eu desisto
fecho os olhos
durmo
no mesmo tom do mendigo
amigo
abrigo

Vida sem fim

Por que chamar de morte,
Aquela que seria a nossa única solução?

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Espírito Natalino

To de saco cheio!

Poema de Natal

Na tal festa de fim de ano
O ocidente pára para Belém
Um acidente cronológico
Uma manipulação lógica das lojas além do além
Jóias, invejas, roupas, luxúria, perfumes e brinquedos
Pecados perdoados

Nem sei quais palavras usar
Não tenho inspiração
O famoso espírito não veio
Nem rimas eu tenho

O dito dia de comemorar
Um dia em que as famílias se reúnem
Um dia em que as pessoas más ficam boas
Um dia em que o empresário estressado doa uma sexta básica,
daquelas de botequim e cerveja schin, pra outro empregado estressado,
daqueles sem dimdim.

Parece até ridículo poematizar o natal
são tantos poemas já feitos
tantas músicas
mas eu estou cansado de tanta mediocridade
esse falso coração bom das pessoas

No fundo, quase no ralo, as pessoas são sempre as mesmas
O dia 25 só serve para dar argumento à aqueles que precisam.
Faz parte do treinamento de ser humano
Até as crianças têm que comer bem o ano todo, sem engordar, para ganhar a recompensa do barbudo.

Ta tudo tão chato, tão melancólico
Que data é essa que nos torna tão igualmente patetas?!

Gasto dinheiro, faço dívida e presenteio quem eu amo
e quem diz que me ama também.

Queria concluir o texto,
mas antes,
eu queria dizer que essa ânsia por economizar e gastar ao mesmo tempo,
tem deixado as pessoas mais fúteis, mas é difícil escrever sobre isso, sem se contradizer.
Queria arranjar um jeito de também encaixar no texto, mas de forma bem sutil,
que a sociedade capitalista acaba até com as amizades, famílias.
Mas não vejo como falar sobre essas coisas, sem a criatividade subjetiva da Coca-Cola.

Tenha um Feliz Natal,
se assim o desejar.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Aqui ou lá

Criaturas da máquina de demência,

Ajoelhadas ao sul, pé, rir e dor, pedem favor

Que altura a má, que nada faz por nós, tem para abarbar-me?

Clemente, mas sem remorso

Peço-lhes burgueses, mil vezes, a minha poesia intacta

E sem respostas, as apostas são expostas em postas de postais

Em baixo da porta

Atrás do anão de jardim

Em lugares de ninguém

Além do aquém

Um pouco acima do cão

Lá que não serei mais outro

Aqui que não desvio de estilingues

Bilíngüe num mundo bilionário.